terça-feira, 15 de abril de 2008

Gozar seja como for

GOZAR é um termo que pode ser aplicado em diversas situações. Embora seja mais comumente usado no sentido de ter prazer sexualmente, no Brasil também ficou célebre em frases de políticos sem noção. Mas senta que lá vem história...rs

Em uma grande cidade, existia um psicólogo que se dizia especialista em fazer as pessoas gozarem. Cláudia, vinte e poucos anos, pobre e que nunca tinha gozado na vida foi procurá-lo.
- Então, seu doutô, eu não sei o que é goza.
- Minha cara, é muito comum as mulheres não conseguirem gozar nas primeiras relações sexuais. Demora anos muitas vezes. O segredo é simples: relaxar, se sentir bonita, gostosa...
- Olha, seu doutô, eu acho que é o sinhô que deve ta me gozando. Óia pra mim, com 98kg em 1metro e 55, e essa cara, é meio difícil se senti bonita e gostosa, né?
- Mas você pode fechar os olhos e fingir que é a...Juliana Paes, por exemplo. E pode pedir pro seu parceiro ser carinhoso, demorar mais nas preliminares. Sabe o que é isso, né?
- Eu num sou burra não. Mas seu dotô, o único homi que qué me come é o Godofredo, que já chega bêbado lá em casa, enfia e goza. E num adianta o sinhô me fala pra cunversa cum ele, pois ele é surdo-mudo.
- Bom, mas você não precisa de ninguém pra ter prazer sexualmente. Comece a se tocar, a descobrir cada parte do seu corpo.
- Eu já tuntei. Mas aí, vou sentindo minhas banhas, minha pele áspera e me dá uma vontade louca de chorá.
- Bom, Cláudia, mas gozar não está necessariamente ligado ao sexo. Você pode gozar a vida! Aproveitar tudo o que a vida tem de bom pra oferecer. A beleza do nascer e pôr do sol, a inocência de uma criança, o mar, a natureza...
- Seu dotô, eu sô pobri, moro na favela ondi só tem pirralho fedido e bandido, barraco e edifício por tudo que é lado. Quandu o sol tá nascendo, já penso nos criente chato que tenho de infrentá pra tira uns trocado pra cumê. Praia é muito longe e eu num tenho dinheiro ou amigo pra me levá. Parque? Já fui. Mas num me feiz goza, não. Tinha um lago lá no meio muito sujo.
- Mas e que tal gozar no sentido de preguiçar, sair um pouco pra vadiar.
- Num tenho vuntade, não. Quando eu era criança, fiz isso umas duas veiz, levei tanto pau du meu pai que associei à coisa ruim. Só de pensá, já me sinto culpada.
- Viajar com um baseadinho, ou uma droga do tipo então, nem pensar?!?
- Já tentei tumém. Um criente me pagou a roupa lavada com um desses aí, me falô que eu ia goza legal... Vumitei, fiquei tantã e passei 2 dias cum febre e boca seca. Nim pensá.
- (Silêncio) Ah, já sei. Espertinha!!! Você inventou todas essas histórias e vai sair daqui gozando de mim pra todo mundo lá fora dizendo que eu sou um farsante, não é?! Hehe...
- Cruiz credo. Coitadinho do sinhô. Eu jamais falaria mal do sinhô.
- Sério mesmo?
- Craro, ué! Isso é coisa de genti ruim.
- Bom... você já tentou uma religião?
- Eu fui duranti uns meis na Igreja Universal, mas óia só, eu tinha que paga o dízimo toda veiz, repeti aquelas coisas que eles cantavam e o tal do Jesuis não me deu nada de volta, num achei juisto.
- Minha cara, vou lhe ser sincero: você não tem fantasias, ilusões, desejos, senso de humor e me parece extremamente infeliz e realista, pra não dizer pessimista. Trata-la me parece um desafio impossível. Com uma vida dessas, eu me jogaria do edifício mais alto que encontrasse e torceria pra que numa próxima encarnação viesse com mais sorte e ou um corpinho mais ajeitado, pelo menos. Seu horário acabou e boa tarde, se for possível pra você.

Claudia saiu do consultório com essas últimas palavras do “doutô” batendo em sua cabeça. Passou em frente ao edifício Itália e subiu até à cobertura. Na beirada do edifício, pronta pra pular, seu corpo e mente foram invadidos de um surto de adrenalina e prazer e nos poucos segundos que lhe restaram de vida, teve o maior orgasmo que possa imaginar.
By Mazé Portugal

2 comentários:

Anônimo disse...

Mazéeeeeee do céu,

coitada dessa fulana. o pior é que tá cheio de mulher assim por ai, que tem uma vida de cão. foda! adorei o texto.

beijos.

Anônimo disse...

Mopi, ela bem que me disse que gosta de humor negro. Pelo menos tem um final "feliz". Beijo, talentosa.

Charlie